A SOPROMAR é uma das maiores empresas de Lagos. Situada em parte da ala nascente da Doca Pesca, aí tem vindo a desenvolver uma intensa actividade laboral na recuperação e manutenção das mais diversas embarcações. E praticamente todas as que aí vão parar, afetas ao recreio ou a outras funcionalidades de mar, procuram restabelecer-se e recuperar para poderem continuar a sulcar as águas desse oceano distante e que se perde ao longe na linha do horizonte.
Começou como uma empresa familiar. E em fidelidade a esta filosofia, continua o seu caminho de desenvolvimento e de alargamento do seu campo de acção. Mas, apesar já da sua dimensão, basta dizer que já fatura cerca de cinco milhões e meio de euros, continua com uma supervisão matriarcal e com os restantes familiares a dar expressão a esta estrutura funcional.
Pese embora esta estrutura familiar e a parecer fugir aos ventos de uma gestão moderna e actualizada, o certo é que a SOPROMAR não tem parado de crescer e de alargar os seus tentáculos. Basta dizer que já está situada às portas da capital numa demonstração do seu sucesso empresarial. Mesmo ao lado do passeio marítimo de Algés, levanta-se já um estaleiro com capacidade de recuperação, que emprega trinta e cinco pessoas e que procura alargar o seu raio de acção.
Mas no que a crescimento e desenvolvimento diz respeito, está esse processo de alargamento do estaleiro de Lagos. Há décadas, situado em parte da ala nascente da Doca Pesca, tem vindo a crescer e a alargar o seu raio de influência. Aí vão parar para recuperar as embarcações das mais diversas latitudes e proveniências. Até o catamaran em que Greta Thunber viajou aí amarou para se observar e se necessário se recuperar. E muito é o equipamento comprado e de grandes dimensões para se dar resposta, com qualidade e modernidade, às embarcações de maior porte e a exigir outra forma de intervir.
E com este palmarés por pano de fundo, a SOPROMAR procura aumentar a sua capacidade de intervenção através do alargamento do seu raio de acção. Com capacidade para receber actualmente 200 embarcações, procura aumentar o seu campo de intervenção com a possibilidade de se ampliar em mais 90 lugares. Para isso, começou a estabelecer conversações com a Doca Pesca, titular dos terrenos da sua envolvente, para se poder alargar através de uma concessão pelos tempos adiante. Foi o que aconteceu com parte dos terrenos da ala nascente e com os que se estendem pela ala sul que lhe abre uma nova frente. Uma concessão, por 75 anos, dá-lhe outro poder de laboração e de expansão do próprio estaleiro.
As obras começaram em pleno mês de Agosto. Quando os veraneantes iam e vinham daquela zona da Meia Praia, eram surpreendidos por máquinas e camiões que levantavam colunas de pó pelo ar adiante e que surpreendiam e causavam mal estar em cada veraneante. Mas, apesar de nos encontrarmos em plena época balnear, as obras corriam a toda a velocidade com as máquinas a movimentar-se, com os camiões a entrar e a sair e com um muro junto à via a começar a subir. De repente, as máquinas começaram a partir, os camiões deixaram de se ver e os operários que levantavam o muro começaram a desaparecer.
Agora, com tudo parado, quisemos saber o que se estava a passar e fomos ao encontro de um dos responsáveis da SOPROMAR. Numa primeira fase, causou-nos a impressão de alguma divergência entre o que se estava a fazer e a concessão que acabara de acontecer. Mas, posteriormente, numa visita guiada e em conversação com um dos responsáveis da sua gestão, foi-nos dito que tudo não estava a avançar por falta de mão de obra disponível que lhe possa dar continuação e que, por isso, se aguarda uma melhor ocasião.
Em face do que vimos e do que já, há algumas décadas, conhecemos, temos de reconhecer que a SOPROMAR é uma empresa em franca expansão e já com alguma dimensão. E ligada à actividade náutica, integra-se e fomenta essa ligação da cidade ao mar através de um estaleiro moderno e bem apetrechado onde vêm parar embarcações que consigo levam o nome, a competência e a tecnologia da mão de obra da cidade de Lagos.
Mas, para isso, a SOPROMAR, de hoje e a que viremos a ter quando se alargar, dever-se-ia integrar num projecto moderno, harmonioso e bem dimensionado para aquela zona da cidade. E poder-se-á dizer que todo aquele espaço, em redor da Doca Pesca, tem grandes potencialidades para a cidade vir a crescer, se estender e mostrar uma nova face. Mas não com mais abundante construção para engrossar os circuitos da especulação. Por ali se deveria começar a planear uma zona de animação e que chamasse a si um pólo também ligado à restauração. E tudo se conjugaria, em redor desse pólo de animação, com a frota de pesca que se deve incrementar e com a actividade da reparação naval a cargo da SOPROMAR.
Sem um projecto inovador que cresça em seu redor e do qual seja parte integrante, a SOPROMAR vai-se alargando e hipotecando o futuro daquela zona de Lagos. Até o muro que começou a crescer não deixou espaço á sua frente para um passeio abundante, para uma ciclovia destinada ao veraneante e ao residente e para o estacionamento tão necessário quando o verão nos vem visitar e a praia nos começa a chamar. E tudo acontece porque nem se dispõe de um plano de pormenor para, ao menos, esboçar o que se poderá vislumbrar para um futuro que se avizinha.
Neste processo, a SOPROMAR está a cumprir a sua parte; a de crescer, de se modernizar e, neste caso, se alargar. As entidades institucionais, enredadas no seu imobilismo e sem qualquer transformação ou visão de futuro, atêm-se ao casuísmo e acabam por hipotecar uma das zonas mais sensíveis e mais apetecíveis da cidade de Lagos.
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