Opinião

Lagos

A insensibilidade dos cabazes de natal aos funcionários da Câmara Municipal

ANTÓNIO GUEDES DE OLIVEIRA
Tamanho da Letra: A-A+

Com a chegada de Dezembro, as ruas começam-se a enfeitar, o comércio a mostrar uma face cativante e tudo em redor a dar mostras de um sabor a Natal e a convidar-nos a viver com encanto esta quadra tão especial. Apesar do frio e desta quadra nos convidar a resguardar, é no encanto do branco, com a neve a cair, que mais conseguimos sentir este dezembro festivo que nos convida à reflexão por entre todo o fervor da sua celebração. E ninguém fica indiferente a esta época festiva com um calendário tão abrangente e capaz de nos levar à sua vivência no seio familiar.

Mas a abrangência do Natal estende-se bem para além de qualquer ritual que se venha a fazer, de todo o movimento comercial, de um consumismo desenfreado ou de qualquer tentação de o confinar e de o relegar para aspectos de exteriorização que pouco ou nada combinam com a essência da sua celebração. Associado ao Natal está todo esse movimento que trespassa uma comunidade e cujo espírito envolve toda uma sociedade. E são, por isso, múltiplas e diversificadas as suas manifestações. Desde as empresas que, logo que Dezembro despontava, se reuniam em celebração dando, desta forma, conteúdo a esta celebração. Para além das empresas, associações, grupos informais, organismos do poder central ou mesmo do poder local, reuniam-se em jantares de antecipação para, também, darem expressão a esta época tão significativa.

  • Outros natais

    E tudo acontecia como forma de convívio, de confraternização, de apertar laços e de se fortalecer essa relação de proximidade, de objectivos mútuos e de solidariedade em torno de um desígnio comum. Logo que Dezembro despontava, não havia dia em que os jantares de Natal não tivessem lugar e em que as manifestações de solidariedade não nos juntassem e mostrassem toda a nossa abertura e boa vontade.

    Mas, entretanto, uma nova realidade começou-se a propagar e, praticamente, proibiu de nos juntarmos e de, por antecipação, começarmos a celebrar o Natal de 2020. É difícil de se entender. Mas a pandemia obrigou-nos a confinar e, em sociedade, praticamente proibiu as nossas confraternizações e essas celebrações que atravessavam todo o mês de Dezembro. E a essa privação de celebração antecipada de Natal também foi sujeita a Câmara Municipal. Mas assim como a de Lagos, também as demais esperam por outros natais.

    Natal2_2020Em substituição desse jantar de Natal, a Câmara Municipal de Lagos decidiu compensar todos os seus funcionários com um cabaz de Natal. Com este gesto, deu a entender que o jantar de Natal era uma compensação ou um bónus a dar nesta quadra que estamos a celebrar. E para que a pandemia não pudesse beliscar o bónus que se estava a dar, procedeu à sua substituição. E em vez do jantar, nada melhor do que um cabaz de Natal que contemplasse os seus funcionários da Câmara Municipal.

  • Espírito do jantar de Natal

    Pouca ou nenhuma atenção foi dada ao espírito do jantar de Natal. Este assentava na partilha, no convívio, nos laços a fortificar, no fomento de objetivos comuns, no espírito de solidariedade e nesse espaço de familiaridade e de incentivo de comunidade. E nada disto o cabaz de Natal traz ou fomenta. E, num tempo como este, muitas empresas, muitas famílias e muitas pessoas, por força da pandemia, estão a passar dificuldades difíceis de imaginar. Seria um gesto de solidariedade, à escala da nossa comunidade, que as verbas desse cabaz fossem canalizadas para quem, inesperadamente, está a necessitar e a passar dificuldades que nunca imaginaram que lhes bateriam à porta. Mas para esta generosidade é preciso também haver sensibilidade. E não a houve num acto como este.

    Também há quem veja na iluminação de Natal um desperdício que poderia ser aproveitado para reforçar o apoio a quem, e muito, está a necessitar. Mas mais sóbria ou menos sóbria, a iluminação de Natal é essencial para banir um certo espírito depressivo que, com estes tempos, nos pode bater à porta. E é essencial, por todo o tecido urbano de Lagos, preservar e incentivar o espírito de Natal. E, para isso, também a iluminação de Natal dá a sua contribuição para fomentar esta celebração. Mas quanto ao cabaz de Natal, é preciso sensibilidade para, em momentos como este, o alargar a toda a comunidade; sobretudo a quem está a passar dificuldade.

  • Etiquetas: , , , , , , , ,

    Comentar

    Todos os direitos reservados.

    Diário Online Algarve Express©2013

    Director: António Guedes de Oliveira

    Design & Desenvolvimento por: Webgami