Correio do Leitor

Macário Correia – Um Presidente que sempre me habituei a respeitar

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Macário Correia não era um homem das minhas relações. É verdade que dele ouvia falar como um jovem político que se começava a afirmar e que prometia vir a ter uma palavra a dizer na política nacional e regional. Com a distância que, por norma, os homens da política sempre nos merecem, fiquei com uma boa impressão na sua passagem pela Secretaria de Estado do Ambiente. Mais do que a obra que deixou, ficaram-me gravadas na memória as convicções que defendia, a argumentação a que recorria e a forma expedita como debatia as políticas que fazia questão em levar por diante.

Se esta imagem do político a nível nacional era globalmente positiva, não passava de uma impressão difusa e bastante distante. Diferente passou a ser a partir do momento em que tive de contactar directamente consigo. Macário Correia era então Presidente da Câmara Municipal de Tavira e eu Presidente da então Região de Turismo do Algarve. Embora em campos opostos, no que a filiações partidárias diz respeito, sempre mantivemos uma relação institucional irrepreensível. Macário Correia, à frente da sua Câmara, não actuava por razões partidárias ou por quaisquer outras que não tivessem a ver com a verdade, com a justiça e com a equidade. E nem sempre concordava com ele nem ele sempre concordava comigo. Mas quando discordava apresentava as suas razões de uma forma clara e cristalina; de tal forma que fazia com que os seus opositores o soubessem respeitar e até compreender o seu posicionamento. Além desta forma elegante de se relacionar e de expor as suas convicções, sempre admirei em Macário Correia a exigência e os seus métodos de trabalho. Como na sua Câmara, era o primeiro a chegar, a entregar-se ao trabalho e a buscar a melhor solução para o problema em discussão. Não fazia parte da sua estrutura genética o bota abaixo por pertencer a um partido diferente ou a complicação para não se chegar a qualquer solução.

​Foi, por isso, com um sentimento de tristeza e preensão que tomei conhecimento dos problemas processuais que envolvem Macário Correia e que podem levá-lo à destituição. Sem me querer imiscuir nessas teias processuais, só poderei dizer, pelo que conheço do Presidente da Câmara de Faro, que o seu rigor e a sua exigência não são compatíveis com violações ou outras condutas que podem torpedear ou passar por cima de instrumentos legais pelos quais se devem reger os eleitos locais. Uma coisa é a legislação. Outra, sobre um ponto concreto e de pequena importância, é uma interpretação e consequente acto de gestão. E, ao que sei, Macário Correia apenas decidiu em questões menores para viabilizar pequenas situações que se vinham arrastando no terreno. Não houve situações ponderosas nem outras que viessem a ser ruinosas para o município. Dizia-me, há dias, um antigo autarca que se um problema com esta dimensão leva à destituição de Macário Correia, então se houvesse uma investigação nas câmaras do Algarve muito poucas ficariam de pé.

​Mas mais do que o problema em si, o que me importa, nesta hora em que muitos fogem de si, incluindo os do seu próprio partido, é testemunhar o apreço e o respeito, pelo homem, pelo autarca e pelo político. Independentemente do desfecho que esta situação venha a ter no Tribunal Constitucional, Macário Correia é um político que faz falta à região; pela sua clarividência, pelas suas convicções, pelo seu rigor, pela sua exigência e, sobretudo, pela sua competência.

É evidente que esta situação, independentemente do seu desfecho, o fragiliza. E com Macário Correia fragilizado o Algarve fica mais pobre. Por isso, desejamos um rápido restabelecimento político do homem e do autarca; a bem do Algarve em geral e de Faro em particular.

A.V.

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